domingo, 16 de fevereiro de 2014

TRC Brasileiro, um espelho do europeu - Publicado em 22/02/2013 Transpo on Line

Tenho por hábito ler não só as publicações relacionadas ao transporte rodoviário de cargas do Brasil, leio também revistas das mais variadas partes do mundo como Canadá, Estados Unidos, Colômbia, Argentina, Chile, França, Irlanda, Itália, Espanha e por ai afora.
Algumas publicações, principalmente as europeias, nos dão uma base muito boa para tentar entender para onde vai o TRC brasileiro, já que somos uma espécie de espelho do que acontece por lá.
Cedo ou tarde, acabamos introduzindo as tecnologias, pena que com os hábitos não acontece a mesma coisa.
Lendo a espanhola Transporte Profesional de fevereiro de 2013, me deparei com uma interessante reportagem intitulada “Paradas em La Ruta, Análisis de las áreas de descanso y estacionamiento”.
A Europa, igualmente ao Brasil, também sofre com a falta de espaço para estacionamento de veículos de carga ao longo de suas rodovias. Existe também o problema de segurança, e pesquisas indicam que a soma dos roubos nestas áreas já alcança € 8.200.000 anuais.
A Legislação europeia é bastante rígida no que diz respeito a jornada de trabalho dos profissionais do setor e as multas são pesadas, portanto, os horários de descanso são cumpridos a risca, o que exige maiores áreas para descanso.
As áreas de descanso são construídas e geridas pela iniciativa privada, portanto, estabelecem concorrência para atrair os usuários.
Para que o usuário saiba antes de sua parada qual é a melhor área, a ADAC, que é o maior Automóvel Clube da Alemanha, criou um selo de qualidade para elas.
Esta iniciativa pretende reduzir os sinistros nestas áreas, bem como proporcionar aos motoristas melhores condições, e conta com o apoio da Direção Geral de Mobilidade e Transporte da Comissão Europeia.
Como forma de manter a máxima independência, cada área é analisada por dois fiscais diferentes, um durante o dia e outro a noite.
Os testes consistem em analisar os serviços como restaurantes, borracheiros, lojas e oficinas mecânicas, bem como as áreas internas no que diz respeito à segurança, verificando se existe registro de entrada de visitantes, monitoramento e armazenagem de imagens, registro das entradas e estadias dos veículos bem como dos condutores.
Também são realizadas pesquisas com os usuários, que respondem questões sobre qualidade dos serviços oferecidos, localização e segurança. Estas pesquisas resultaram em um relatório que mostrou que os motoristas preferem as áreas melhores classificadas, o que me parece obvio.
Assim como o Brasil, a Europa conta com menos áreas de descanso do que o necessário, com uma diferença, a Europa necessita acrescentar muito menos áreas do que o Brasil, já que neste ponto estamos apenas engatinhando.
Estou convicto que temos hoje um dos mais completos e severos Códigos de Trânsito do mundo. Da mesma forma, entendo como um significativo avanço a aprovação do Estatuto do Motorista, colocando o Brasil em pé de igualdade aos Estados Unidos, Europa e Canadá.
Entretanto, entendo também que paralelamente à criação de leis, se fazem necessárias outras providências.
Campanhas de educação no Trânsito, que devem iniciar ainda na escola, preferencialmente no ensino fundamental e serem levadas até às universidades, punição severa com quem desrespeita as leis, e fiscalização intensiva por parte do Estado são de extrema importância, mas também é muito importante a parte estrutural, essa sim cara e difícil de ser executada.
Pontos de parada seguros de forma a atender as necessidades dos motoristas, estradas com traçados modernos, sem curvas traiçoeiras e mal construídas, acostamentos largos e que possam permitir ficar em segurança quem deles necessitam, pistas duplas para as estradas de maior movimento, bem conservadas e com correta sinalização vertical e horizontal também são fundamentais.
Legislar é relativamente fácil, já que é barato criar leis, difícil é dar condições para que as estas leis criadas possam ser cumpridas, pois estas necessitam de investimentos por parte do Estado.
Por que não ceder à iniciativa privada áreas ao longo das rodovias para que o exemplo da Europa possa ser seguido?
Estes pontos poderiam até mesmo desenvolver formas inteligentes de pagamento, livrando o motorista de carregar valores e se tornar alvo fácil.
Tenho esperança de um dia poder viajar por estradas seguras, sem a presença de veículos velhos e mal conservados, com pontos de apoio e parada a cada 200 kms, e mais, de preferência com dois, lado a lado, disputando a preferência dos usuários, ai vou crer que finalmente estamos em um País de primeiro mundo, haja espera!!!!!!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário