domingo, 16 de fevereiro de 2014

O modelo europeu - Publicado em 26/11/2013 em Transpo on Line

Informação é material básico para qualquer profissional que queira destaque na sua área, portanto, leitura de revistas e livros, e isso inclui edições europeias, e programas de televisão ajudam bastante a nos manter atualizados.
No dia 10 de novembro, o conceituado programa Pé na Estrada, que vai ao ar todos os domingo na Bandeirantes, do grande jornalista Pedro Trucão, apresentou na voz da jornalista Paula Toco, o problema do fechamento de inúmeros postos de abastecimento ao longo da rodovias em virtude do baixo volume de óleo Diese comercializado em função dos tanques cada vez maiores que as transportadoras instalam em seus caminhões de forma a não necessitarem abastecer mesmo em longos trajetos.
A falta destes postos aumentam ainda mais a necessidade de espaços para o descanso dos motoristas, previsto na Lei n. 12.619, de 30/04/2012.
O programa falou ainda no PL 785/2011, do Deputado Onofre Santo Agostini - DEM/SC, que obriga a construção e a manutenção de espaços de descanso para os motoristas em rodovias concessionadas.
O Exemplo Europeu
A revista espanhola Transporte Profesional de fevereiro de 2013, apresentou uma interessante reportagem intitulada “Paradas em La Ruta, Análisis de las áreas de descanso y estacionamiento”.
A Europa, igualmente ao Brasil, também sofre com a falta de espaço para estacionamento de veículos de carga ao longo de suas rodovias. Existe também o problema de segurança, e pesquisas indicam que a soma dos roubos nestas áreas já alcança € 8.200.000 anuais.
A Legislação europeia é bastante rígida no que diz respeito a jornada de trabalho dos profissionais do setor e as multas são pesadas, portanto, os horários de descanso são cumpridos a risca, o que exige maiores áreas para descanso.
As áreas de descanso na Europa são construídas e geridas pela iniciativa privada, portanto, estabelecem concorrência para atrair os usuários.
Para que o usuário saiba antes de sua parada qual é a melhor área, a ADAC, que é o maior Automóvel Clube da Alemanha, criou um selo de qualidade para elas.
Esta iniciativa pretende reduzir os sinistros nestas áreas, bem como proporcionar aos motoristas melhores condições, e conta com o apoio da Direção Geral de Mobilidade e Transporte da Comissão Europeia.
Como forma de manter a máxima independência, cada área é analisada por dois fiscais diferentes, um durante o dia e outro a noite.
Os testes consistem em analisar os serviços como restaurantes, borracheiros, lojas e oficinas mecânicas, bem como as áreas internas no que diz respeito à segurança, verificando se existe registro de entrada de visitantes, monitoramento e armazenagem de imagens, registro das entradas e estadias dos veículos bem como dos condutores.
Também são realizadas pesquisas com os usuários, que respondem questões sobre qualidade dos serviços oferecidos, localização e segurança. Estas pesquisas resultaram em um relatório que mostrou que os motoristas preferem as áreas melhores classificadas, o que me parece obvio.
Assim como o Brasil, a Europa conta com menos áreas de descanso do que o necessário, com uma diferença, a Europa necessita acrescentar muito menos áreas do que o Brasil, já que neste ponto estamos apenas engatinhando.
Estou convencido de que essa também é a melhor solução para o Brasil.
Contamos hoje com 220.378 kms de estradas pavimentas e 1.364.025 kms de não pavimentadas, o que inclui rodovias federais, estaduais coincidentes, estaduais e municipais.
Deste montante, somente 15.963 foram concessionadas, sendo 14.768 concessionárias privadas e 1.195 operadoras estaduais.
Isso representa apenas 7,24% se levarmos em conta apenas a malha asfaltada, caso contrário, serão míseros 1,17%.
Levando em consideração este números, o Projeto de Lei 785/2011 resolveria em parte o problema.
Entendo que áreas para descanso devem ser desassociadas de postos de abastecimento, já que os tanques dos veículos continuarão a crescer e os veículos não abastecerão nas estradas, salvo em postos selecionados.
Grandes áreas cercadas, com controle de entrada e de saída de veículos e pessoas, com segurança particular, se necessário, armada, com todas as conveniências necessárias, restaurante, lanchonete, farmácia, supermercado, lavanderia, hotel, Correios, lan house, internet sem fio, telefonia pública, sala de TV, banca de jornais e revistas, espaço para eventos, médico e enfermaria, serviços de apoio como: mecânico, borracharia, loja de peças e acessórios.
Estes espaços gerariam renda, uma vez que podem ser explorados ou eventualmente locados, gerando renda para a empresa que explora a área.
Estou convicto que temos hoje um dos mais completos e severos Códigos de Trânsito do mundo. Da mesma forma, entendo como um significativo avanço a aprovação do Estatuto do Motorista, colocando o Brasil em pé de igualdade aos Estados Unidos, Europa e Canadá.
Entretanto, entendo também que paralelamente à criação de leis, se fazem necessárias outras providências.
Campanhas de educação no Trânsito, que devem iniciar ainda na escola, preferencialmente no ensino fundamental e serem levadas até às universidades, punição severa com quem desrespeita as leis, e fiscalização intensiva por parte do Estado são de extrema importância, mas também é muito importante a parte estrutural, essa sim cara e difícil de ser executada.
Pontos de parada seguros de forma a atender as necessidades dos motoristas, estradas com traçados modernos, sem curvas traiçoeiras e mal construídas, acostamentos largos e que possam permitir ficar
em segurança quem deles necessitam, pistas duplas para as estradas de maior movimento, bem conservadas e com correta sinalização vertical e horizontal também são fundamentais.
Legislar é relativamente fácil, já que é barato criar leis, difícil é dar condições para que as estas leis criadas possam ser cumpridas, pois estas necessitam de investimentos por parte do Estado.
Por que não ceder à iniciativa privada áreas ao longo das rodovias para que o exemplo da Europa possa ser seguido?
Estes pontos poderiam até mesmo desenvolver formas inteligentes de pagamento, livrando o motorista de carregar valores e se tornar alvo fácil.
Tenho esperança de um dia poder viajar por estradas seguras, sem a presença de veículos velhos e mal conservados, com pontos de apoio e parada a cada 200 kms, e mais, de preferência com dois, lado a lado, disputando a preferência dos usuários, ai vou crer que finalmente estamos em um País de primeiro mundo, haja espera!!!!!!!!!

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