sábado, 25 de janeiro de 2014

2013 o ano de ouro do TRC - Publicado em 20/12/2012 em Transpo on Line

Enquanto me preparo para os tradicionais quilos a mais em função do excesso de comidas e bebidas do final do ano, fico pensando em como será 2013, e quais os impactos que o ano trará para o TRC.
Como 2012 foi um ano de poucas vendas para as montadoras em função da obrigatoriedade dos motores padrão Euro 5 e consequente uso do Diesel S50 e Arla32, o que acarretou aumento nos preços dos insumos, e também em função da desconfiança natural dos empresários em relação à disponibilidade destes insumos em pontos mais afastados do País, acredito que parte, veja bem, parte das vendas perdidas, será recuperada em 2013.
Entendo que levando em consideração a proximidade da Copa do Mundo, o que elevará consideravelmente o nível dos investimentos no Brasil, antes do fim do primeiro semestre faltará caminhões para atender a demanda.
Grande parte da responsabilidade pelo “apagão” que viveremos no transporte será do poder público.
Não quero ser repetitivo, mas devo lembrar que os autônomos são proprietários de mais de 830.000 veículos com idade média superior a 15 anos. Destes, mais de 400.000 contam com idade média superior a 22 anos, o que é um absurdo total e completo.
Se somente a metade destes 400.000 veículos fossem substituídos por novos, comprometeria a produção do ano de 2013 inteiro.
Os juros subsidiados não passam nem perto de quem mais precisa, que são vistos como de altíssimo risco pelos credores, portanto, não dignos de receber quaisquer financiamentos.
As empresas aproveitam a baixa dos juros e renovam a frota, e os veículos que não as interessam mais, vão parar nas mãos dos autônomos.
Consigo concluir então que a renovação de frota não irá ocorrer da forma que deveria, e esta é uma das causas da recuperação apenas parcial das vendas de veículos novos e do apagão que certamente virá.
Não sou vidente e muito menos futurólogo, mas também não sou tolo. Imagino que 2013 será o melhor ano em toda a história do TRC para as empresas que souberem aproveitar o momento. Imagino também que as montadoras também viverão um ano muito especial, com direito a Fenatran no final de outubro. A mesma pujança acontecerá com os profissionais do TRC que estiverem preparados, incluindo motoristas e pessoal operacional dos terminais.
Os autônomos mais uma vez terão um ano difícil, muitos ficarão pelo caminho e deixarão o setor, outros tantos virarão empregados, e a grande massa, apesar das dificuldades, continuará cruzando nossas estradas e tentando sobreviver.
Daqui exatos 365, espero estar me preparando novamente para a comilança que certamente virá, e então, saberei se o que imaginei terá ou não acontecido.
Um grande ano a todos.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

50 anos de evolução - Publicado em 02/05/2012 em Transpo on Line

Fevereiro de 1.962

Um reluzente FNM D 11.000 trucado sobe a Serra das Araras com 22.000 kgs
de carga. Mauro, o motorista, sabe escrever seu nome, ler quase todas as
placas da estrada e fazer contas mais simples, mas é bastante forte, e quase
não sente dificuldade para manobrar o veículo, que não conta com direção
hidráulica.
O calor dentro da cabine é insuportável, para aliviar, Mauro segue com a porta
aberta e quase todo o corpo do lado de fora. A velocidade mal chega a 10
kms/h.
De bermuda, sem camisa, descalço e com a barba de mais de sete dias por
fazer, Mauro sua em profusão.
Desde pequeno acompanhou seu pai nas viagens, e se tornou motorista sem
ao menos cogitar seguir outra profissão.
Como empregado, têm dificuldades em manter a sua família em função do
baixo salário.
Como o preço do Diesel é irrisório, Mauro nunca se preocupou em saber qual o
consumo do veículo que dirige.

Fevereiro de 2.012

Um Scania R440 com menos de 5.000 quilômetros sobe a Serra das Araras
atrelado a uma carreta de 3 eixos, a carga é de 25.500 kgs, ligeiramente
inferior à capacidade do veículo.
Roberto, o motorista, concluiu o ensino médio, fez uma série de cursos e
participou de vários treinamentos.
Com as janelas fechadas e longe do barulho, Roberto mantém a temperatura
interna da cabine em agradáveis 22º C e seu uniforme está impecável.
Graças ao moderno câmbio automatizado, a velocidade segue constante em
40 kms/h, o computador de bordo indica que o consumo médio é de 2,65
quilômetros por litro desde o último abastecimento e o instantâneo é de 1,9
quilômetros por litro.
Roberto é o único motorista em sua família, e decidiu seguir a profissão depois
de ter entrado em uma empresa de transportes como ajudante e ter sido
encorajado pelo seu antigo chefe.
Apesar da saudade, Roberto consegue manter sua família, que conta inclusive
com a proteção de um convênio médico que a empresa oferece, e também
cesta básica.
Roberto foi premiado nos últimos três meses por ter conseguido obter o
consumo médio proposto pela empresa.
Os 50 anos que separam Mauro e Roberto mudaram profundamente o mundo,
e consequentemente, a profissão de motorista de caminhão.
Veículos antes inimagináveis para os padrões brasileiros estão à disposição
dos transportadores, e que por sua vez, exigem motoristas treinados e
preparados para obter o máximo que estes veículos oferecem.
Os salários oferecidos a estes profissionais nunca foram tão altos, e continuam
subindo, não só em função da falta de mão de obra, mas também em função
das atuais exigências.
Espera-se que o motorista seja um Gerente de Unidade Móvel, conheça
informática, direção econômica e defensiva, entenda as necessidades da
empresa e dos clientes, e consiga fazer com que o negócio seja
economicamente viável.
Ele é a própria empresa de transporte perante o cliente e também à opinião
pública.
A figura barbuda, de braços fortes e quase analfabeta positivamente está
aposentada.
O conhecimento técnico substituiu a força bruta.