domingo, 16 de fevereiro de 2014

Os grandes entraves no Transporte Rodoviário de Cargas - Publicado originalmente em novembro de 2008 e em 02/06/2012 Transpo on Line

Entra ano, sai ano e os entraves no Transporte Rodoviário de Cargas permanecem os mesmos. Existem soluções para que estes entraves sejam solucionados? Quais são as soluções SPRs, ou, simples, possíveis e rápidas?
1- excessivo número de empresas no setor, o que provoca acirramento da competição e
perda no poder de barganha junto aos Clientes;
Em 1998, eram cerca de 34.500 empresas atuando no setor, hoje são cerca de 72.500,
crescimento superior a 110%, mesmo tendo como base um crescimento de 64% no PIB.
Esta situação derruba o valor do frete, chegando inclusive a provocar margens negativas.
A solução é o aumento das dificuldades de abrir uma empresa de transporte de cargas,
exigindo que o interessado seja profissional oriundo da área, e não somente um
oportunista a procura de ganhos fáceis, diminuindo o saturamento do setor.
2- “Comoditização” do produto transporte;
Hoje, devido à concorrência, inclusive do autônomo, tanto faz para um cliente se vai
carregar com X ou Y, só importando o preço oferecido.
A solução para este problema é a especialização da transportadora em uma determinada
área, grãos a granel, cargas fracionadas com alta capilaridade, químicos classificados etc.,
aliada a oferta de diferenciais competitivos no ramo de atuação, como: prazos reduzidos
de entregas, amplitude de atendimento, etc., oferecendo algo que os concorrentes não
oferecem, sem prejudicar o preço final.
3- má conservação das estradas;
A degradação da malha rodoviária acarreta aumentos de custos operacionais de até 40%,
gastos adicionais com combustíveis de até 60% e tempos de viagem maiores em até 100%.
Apesar de ser considerado o grande vilão, o pedágio que acompanha obrigatoriamente às
privatizações das estradas, possibilita um ganho real em todos os itens citados, já que a
conservação das estradas melhora, e o valor, por lei, é responsabilidade do embarcador.
É só fazer cumprir a lei.
4- roubo de cargas;
Atualmente, inacreditáveis R$1bilhão são levados pelos bandidos especialistas em roubo
de cargas. Isto faz aumentar a necessidade de investimentos, chegando a absurdos 15% da
receita.
A simples exigência do porte de uma autorização do dono do veículo, com firma
reconhecida em cartório, autorizando o motorista a conduzir o dito veículo, combinado
com uma maior fiscalização contribuiria para diminuir o crime.
5- Pesada carga tributária;
Consome cerca de 30% do faturamento das empresas, além dos 61 tributos existentes no
Brasil, as empresas ainda gastam algo equivalente a 1% de seu faturamento para garantir
o cumprimento das 93 obrigações fiscais acessórias, materializadas em livros, declarações,
guias, formulários, etc.
A tão esperada Reforma Tributária, aliada a um olhar mais justo ao setor ajudaria a mudar
o panorama.
6- Pouca carga de retorno;
O desequilíbrio na produção brasileira faz com que o PIB esteja concentrado nos Estados
do Sul e Sudeste, que juntos, acumulam cerca de 75%. Isto resulta em uma grande
necessidade de envio de cargas às regiões menos produtivas, que não oferecem cargas de
retorno na mesma proporção.
O investimento na produção nos Estados menos produtivos ajudaria a equilibrar o quadro,
além de gerar empregos e distribuição de renda.
7- Avançada idade da frota;
A frota estimada é de aproximadamente 1.850.000 veículos de carga, sendo que 76% com
mais de 10 anos. 800.000 veículos com mais de 20 anos e a idade média é de 18,8 anos.
É inacreditável que taxis sejam vendidos sem recolherem impostos e amplamente
financiados, enquanto caminhões, que escoam a produção, são taxados com altos índices
e financiados com altos juros. A simples redução nos impostos, aliada à disponibilidade de
crédito com juros subsidiados promoveria a renovação da frota, que traria benefícios
imediatos, tais como: melhora na qualidade do ar, redução no número de acidentes, maior
eficiência com conseqüente diminuição nos tempos de transferências e economia no
consumo de Diesel, que custa caro para o país.
8- Altos tempos para carga e descarga;
Não permite o total aproveitamento dos veículos, diminuindo o faturamento. O
embarcador e o recebedor acabam transformando os veículos em armazéns ambulantes, e
o mais grave, na maior parte das vezes não paga por isso.
Mais uma vez, é só fazer cumprir a lei. É preciso criar uma ouvidoria para receber
denúncias na ANTT, e que por sua vez, os fatos sejam apurados e punidos quando
necessário.
9- Excesso de peso
Os males do excesso de peso não dizem somente a degradação das estadas e dos veículos.
Além de ser um sério risco à segurança, ele diminui a oferta de carga, contribuindo para
nivelar o preço do frete para baixo.
A implantação e manutenção das balanças são, aliadas a uma severa legislação, a forma
mais eficaz de combater esta prática.
Se um veículo flagrado com excesso de peso tivesse o dito excesso apreendido pelo poder
público e levado a leilão. Duvido que um embarcador tivesse coragem de continuar com
esta prática.
10- Acidentes e perda de vidas humanas
Cerca de 30.000 vidas humanas são perdidas nas estradas brasileiras todos os anos.
Grande parte delas é de motoristas profissionais, obrigados a cumprirem horários
apertados, dirigindo veículos que ou não tiveram manutenção preventiva, ou tiveram
manutenção deficiente, trafegando por estradas mal sinalizadas e mal conservadas, e
usando os chamados “rebites”.
O problema hoje é tão sério, que as estimativas na CNT, Confederação Nacional do
Transporte, indicam que 10% de toda a frota nacional esta parada devido a falta de
motoristas. Aliado, temos ainda a baixa procura pela profissão, o que faz aumentar ainda
mais a defasagem.
Como estudioso e conhecedor do setor, afirmo que é necessário um maior
comprometimento das autoridades, e que o setor seja levado a sério, dispensando a
atenção que ele merece, ou em um futuro próximo, o colapso será inevitável.

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