domingo, 16 de fevereiro de 2014

BR 101 de ponta a ponta, eu estive lá - Publicado em 29/05/2013 em Transpo on Line

Acompanhei o seriado Carga Pesada desde o primeiro episódio, em 1979, e que durou até 1981, quando então saiu de cena.
Em 2003, a série retornou. Desta vez, Bino estava afastado das estradas, e após fazer um exame para determinar se era portador de câncer, resolveu voltar à ativa enquanto o resultado da biópsia não saía.
Os primeiros quatro episódios retrataram o que Bino chamou de “A Grande Viagem”. Porto Alegre a Belém, cortando o Brasil do Sul ao Norte.
Normalmente este trecho é coberto rodando cerca de 4100 km trafegando pelas BR 116, SP 330, BR 050, BR 365, BR 153 e BR 010.
Surgiu daí um sonho, fazer uma grande viagem de caminhão. Aos poucos a ideia foi tomando forma dentro de minha cabeça, e em setembro do ano passado, resolvi partir para a ação e desenvolvi um projeto.
O Transporte Rodoviário de Cargas mudou muito na última década. Só no último ano, foram duas modificações importantes, a introdução dos motores Euro V e a limitação da jornada de trabalho dos motoristas.
Estes pontos foram levados em consideração, o veículo deveria ser obrigatoriamente Euro V e a jornada de trabalho deveria ser respeitada.
Assim, seria possível entender se existiria disponibilidade de Diesel S10 no trajeto, e também se haveriam pontos de parada e apoio. Outro ponto importante seria medir a produtividade de um veículo em um longo trajeto, e como a limitação da jornada influenciaria o resultado final da viagem.
Neste ponto do Projeto, eu precisava definir o trajeto. Cerca de 75% da população brasileira vive em uma faixa situada a até 200 km do litoral. 70% do PIB brasileiro é gerado pelos Estados do Sul e Sudeste. O Consumo dos Estados do Nordeste vem crescendo, e hoje já representa cerca de 17,5% do total nacional, valor muito próximo ao da Região Sul.
Assim, obrigatoriamente o trajeto teria que incluir o Sul, Sudeste e Nordeste, e como eu não queria trafegar em várias estradas, restavam poucas opções, basicamente as BRs 116 e 101.
A BR 116 liga Fortaleza, CE até Jaguarão, RS. São cerca de 4400 km passando por 10 Estados. A BR 101 liga Touros, RN até São José do Norte, RS. São cerca de 4600 km passando por 12 Estados.
Levando em consideração as atuais necessidades dos Estados do Nordeste, a BR 101 seria a melhor opção, já que ela passa pelo litoral. Esta estrada é uma importante artéria para abastecer o mercado das principais cidades do Nordeste, com produtos oriundos do Sudeste e do Sul.
Também é importante para o turismo desta região, que é uma grande fonte de renda.
Projeto pronto, trajeto definido, levantamento dos pontos de apoio, previsão de tempo necessário já estimado, e até mesmo uma base de custo, faltava então o mais importante, um sponsor, ou seja, um investidor.
Em outubro de 2012, durante um almoço com os jornalistas Roberto e Gustavo Queiroz, falei sobre o Projeto, e imediatamente recebi apoio. Por que não apresentar a uma montadora?
Neste dia, eu e o jornalista Gustavo Queiroz decidimos transformar este sonho em realidade, e recebemos todo o apoio de um importante veículo da imprensa, que é a Transpo Magazine e do jornalista Roberto Queiroz.
Foram seis meses de apresentações, negociações, preparativos e muita ansiedade, até que, eu o jornalista Gustavo Queiroz caímos na estrada com o apoio da Mercedes Benz do Brasil, que nos cedeu um Actros 2546, uma Sprinter 312 e o dinheiro necessário.
No dia 13 de maio de 2.013, desembarcamos no Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Natal, RN em uma tarde chuvosa para iniciarmos a tão sonhada Grande Viagem.
A partir daí, foram 12 dias de muita emoção e com uma intensa convivência com os pilotos, Ricardo Schults e João Moita, com os fotógrafos, Wagner Malagrine, Fábio Lucio e Luiz Luna e o repórter Gustavo Queiroz.
Foram cores, sabores, cheiros, lágrimas, buracos, climas, pessoas, risos, aprendizagem, cerca de 4.700 km e muita emoção.
Ao chegar ao destino, em São José do Norte, RS, meu coração estava dividido entre uma imensa alegria por ter conquistado um sonho antigo e uma ponta de tristeza por ter acabado a aventura.
Ficam as lembranças, os novos amigos e a esperança de que em breve estaremos juntos outra vez, descobrindo os segredos de outra grande viagem.

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