sábado, 19 de maio de 2018

Entenda como a falta de eficiência para solucionar o chamado “custo Brasil” pode desencadear em uma série de graves problemas para a economia nacional


Entenda como a falta de eficiência para solucionar o chamado “custo Brasil” pode desencadear em uma série de graves problemas para a economia nacional

Venho atuando no transporte rodoviário de cargas nos últimos 22 anos, porém, tenho estudado o tema por pelo menos 35 anos. Em março de 2012, escrevi o texto “Os Grandes Entraves no Transporte Rodoviário de Cargas”, publicado originalmente pelo portal de notícias Transpoonline.
Nesse texto, fiz um alerta para os nove maiores problemas que o transporte rodoviário de cargas enfrentava: excessivo número de empresas no setor; “comoditização” do produto transporte; má conservação das estradas; roubo de cargas; pesada carga tributária; pouca carga de retorno; avançada idade da frota; altos tempos para carga e descarga e excesso de peso. Não pretendo explicá-los novamente, basta acessar e ler o texto.
http://papodeboleia.blogspot.com.br/2014/02/os-grandes-entraves-no-transporte.html
O Brasil está muito próximo de um colapso total no transporte rodoviário de cargas (TRC). Um dos maiores problemas do país é a distribuição desigual do PIB, o que obriga o envio de grandes volumes de mercadorias do Sul e Sudeste em direção ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sem que existam os mesmos volumes em sentido inverso. Isso causa um desequilíbrio de veículos que, muitas vezes, ficam dias parados a espera de cargas, ou retornam com fretes que não cobrem os mais básicos custos.
apenas 17,63% do território brasileiro. Devemos ainda levar em consideração que, na região Centro-Oeste, grande parte de seu PIB é formado pelo agronegócio, já que a região produz 41% dos grãos brasileiros, escoados parte por transporte ferroviário,
e parte por caminhões graneleiros. Muitas vezes, trabalham com ciclo perfeito, levando adubo ou fertilizantes em um sentido e voltando com grãos no outro, deixando parados os baús, necessários para o transporte de alimentos dos estados do Sul e Sudeste para a região.
Na região Norte, a exceção é o Estado do Amazonas, que tem o ciclo invertido em função da Zona Franca de Manaus. Devido à sua baixa densidade demográfica, exige pouca carga saída do Sul e Sudeste e necessita de grande volume de caminhões,
sobretudo baús, saindo em direção às outras regiões. Já o Pará tem seu PIB reforçado em função da produção de minério de ferro, movimentado exclusivamente pelo modal ferroviário, sendo comum caminhões ficarem dias parados aguardando carga. Os outros estados da região também apresentam sérios problemas de desequilíbrio no TRC.
Como se não bastasse, o “motor” do TRC, o diesel, tem sido reajustado acima dos outros combustíveis. De acordo com a ANP, em janeiro de 2002 o preço médio da gasolina no Sudeste era de R$1,354 e o do diesel era de R$0,735, ou seja, o Diesel.
O que é preciso?
Renovar a frota com urgência, com juros subsidiados e longos prazos de pagamento, com seis meses de carência após recebimento do veículo e implemento. O BNDES existe para impulsionar negócios dentro do Brasil. A idade média da frota nas mãos dos autônomos é superior a 17 anos e, quanto mais velho é o veículo, maior o custo para mantê-lo rodando.
Portanto, os mais velhos devem receber o benefício primeiro.
A ANTT deve rever todos os registros de TAC, que deve ser dado somente para autônomos. E só é possível ser autônomo quando se tem um único veículo e o motorista é o proprietário.
Somente deveria ser concedido um registro de TAC por CPF.
Se um único CPF tem vários registros de TAC, deve ser forçado a migrar para ETC, com todas as obrigações, fiscais e trabalhistas. É preciso deixar claro, TAC é TAC e ETC é ETC. O Ministério do Trabalho deve criar meios de fiscalizar a falta de registro em CTPS dos trabalhadores no TRC, principalmente os que dirigem veículos com registro de TAC na ANTT e não são os donos destes veículos.
Deve somente conceder novos registros para transportadores se o interessado provar que tem conhecimento técnico para exercer atividade no setor, que precisa se profissionalizar com urgência. Fazer com que a Lei nº 10.209, ou Lei do Vale Pedágio seja cumprida. Se o Estado é ativo para fiscalizar o que o onera, deve ser também ativo para fiscalizar o que onera o trabalhador.
A criação de cursos técnicos de ensino médio públicos para a formação de Técnicos na Condução de Veículos de Transporte, preparando jovens para se tornarem futuros gestores na condução de veículos de cargas, é algo realmente importante e necessário.
Também é imprescindível a recuperação imediata da malha rodoviária, fiscalização do excesso de peso e da jornada de trabalho, incentivo à iniciativa privada para criação e
manutenção de espaços de descanso, desassociados dos postos de abastecimentos ao longo das rodovias, com controle de entrada de veículos e pessoas, prestação de serviços diversos e com cobrança de valores viáveis. Entendo que as
medidas citadas amenizarão e retardarão o iminente colapso.
Sra. Presidente, Sr. Ministro, é preciso olhar o TRC com imensa atenção, já que este representa mais de 61% de toda carga transportada, de acordo com a CNT, e seu fortalecimento é crucial para o Brasil.
Muito obrigado.

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