sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

50 anos de evolução - Publicado em 02/05/2012 em Transpo on Line

Fevereiro de 1.962

Um reluzente FNM D 11.000 trucado sobe a Serra das Araras com 22.000 kgs
de carga. Mauro, o motorista, sabe escrever seu nome, ler quase todas as
placas da estrada e fazer contas mais simples, mas é bastante forte, e quase
não sente dificuldade para manobrar o veículo, que não conta com direção
hidráulica.
O calor dentro da cabine é insuportável, para aliviar, Mauro segue com a porta
aberta e quase todo o corpo do lado de fora. A velocidade mal chega a 10
kms/h.
De bermuda, sem camisa, descalço e com a barba de mais de sete dias por
fazer, Mauro sua em profusão.
Desde pequeno acompanhou seu pai nas viagens, e se tornou motorista sem
ao menos cogitar seguir outra profissão.
Como empregado, têm dificuldades em manter a sua família em função do
baixo salário.
Como o preço do Diesel é irrisório, Mauro nunca se preocupou em saber qual o
consumo do veículo que dirige.

Fevereiro de 2.012

Um Scania R440 com menos de 5.000 quilômetros sobe a Serra das Araras
atrelado a uma carreta de 3 eixos, a carga é de 25.500 kgs, ligeiramente
inferior à capacidade do veículo.
Roberto, o motorista, concluiu o ensino médio, fez uma série de cursos e
participou de vários treinamentos.
Com as janelas fechadas e longe do barulho, Roberto mantém a temperatura
interna da cabine em agradáveis 22º C e seu uniforme está impecável.
Graças ao moderno câmbio automatizado, a velocidade segue constante em
40 kms/h, o computador de bordo indica que o consumo médio é de 2,65
quilômetros por litro desde o último abastecimento e o instantâneo é de 1,9
quilômetros por litro.
Roberto é o único motorista em sua família, e decidiu seguir a profissão depois
de ter entrado em uma empresa de transportes como ajudante e ter sido
encorajado pelo seu antigo chefe.
Apesar da saudade, Roberto consegue manter sua família, que conta inclusive
com a proteção de um convênio médico que a empresa oferece, e também
cesta básica.
Roberto foi premiado nos últimos três meses por ter conseguido obter o
consumo médio proposto pela empresa.
Os 50 anos que separam Mauro e Roberto mudaram profundamente o mundo,
e consequentemente, a profissão de motorista de caminhão.
Veículos antes inimagináveis para os padrões brasileiros estão à disposição
dos transportadores, e que por sua vez, exigem motoristas treinados e
preparados para obter o máximo que estes veículos oferecem.
Os salários oferecidos a estes profissionais nunca foram tão altos, e continuam
subindo, não só em função da falta de mão de obra, mas também em função
das atuais exigências.
Espera-se que o motorista seja um Gerente de Unidade Móvel, conheça
informática, direção econômica e defensiva, entenda as necessidades da
empresa e dos clientes, e consiga fazer com que o negócio seja
economicamente viável.
Ele é a própria empresa de transporte perante o cliente e também à opinião
pública.
A figura barbuda, de braços fortes e quase analfabeta positivamente está
aposentada.
O conhecimento técnico substituiu a força bruta.

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